Assembleia regional confirma<br> crescente afirmação<br>do PCP em Aveiro

OR­GA­NIZAÇÃO A 10.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Aveiro do PCP, re­a­li­zada no dia 25,  apontou o ca­minho para re­forçar a pre­sença do Par­tido junto dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

O PCP deu im­por­tantes passos em frente no dis­trito de Aveiro

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Das mais de meia cen­tena de in­ter­ven­ções pro­fe­ridas, sá­bado, nas an­tigas ins­ta­la­ções dos Bom­beiros Vo­lun­tá­rios de São João da Ma­deira, na as­sem­bleia dos co­mu­nistas de Aveiro, so­bres­saiu uma im­pres­si­o­nante de­ter­mi­nação em dar novos saltos em frente ao nível do re­forço da or­ga­ni­zação do Par­tido e da sua im­plan­tação em mais em­presas, con­ce­lhos e fre­gue­sias do dis­trito. É que se houve cons­ta­tação que foi pos­sível re­tirar da in­tensa luta tra­vada nos úl­timos anos contra a po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento do go­verno PSD/​CDS e da troika e pela re­po­sição, de­fesa e con­quista de di­reitos, é que ela é tão mais po­de­rosa e efi­ci­ente quanto mais forte, or­ga­ni­zado e in­ter­ven­tivo for o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.

Desde a úl­tima as­sem­bleia, re­a­li­zada no início de 2014, foram muitos os avanços al­can­çados pela or­ga­ni­zação re­gi­onal: 150 novos mi­li­tantes; um au­mento de 21 por cento na di­fusão do Avante!; mais mi­li­tantes a pagar quotas re­gu­lar­mente e a par­ti­cipar em or­ga­nismos par­ti­dá­rios; novos Cen­tros de Tra­balho em fun­ci­o­na­mento; 17 as­sem­bleias re­a­li­zadas (al­gumas em con­ce­lhos onde tal nunca havia su­ce­dido); su­pe­ração dos ob­jec­tivos tra­çados no âm­bito da cam­panha de fundos para aqui­sição da Quinta do Cabo; ex­pansão do es­paço de Aveiro na Festa do Avante! e con­clusão da acção de con­tacto com os mem­bros do Par­tido.

Mais or­ga­ni­zação e in­ter­venção nas em­presas, através das cé­lulas exis­tentes ou das or­ga­ni­za­ções con­ce­lhias, e fun­ci­o­na­mento re­gular do Par­tido em pra­ti­ca­mente todos os con­ce­lhos são ou­tros ele­mentos do ba­lanço re­gis­tado na Re­so­lução Po­lí­tica da as­sem­bleia, apro­vada por una­ni­mi­dade no final dos tra­ba­lhos.

Não es­ca­mo­te­ando atrasos e blo­queios que per­sistem nem mi­ni­mi­zando di­fi­cul­dades e obs­tá­culos que se er­guem pe­rante si, os co­mu­nistas de Aveiro deram provas de um pro­fundo co­nhe­ci­mento da re­a­li­dade la­boral e so­cial do seu dis­trito, in­ti­ma­mente li­gado à in­ter­venção e à luta con­cretas que fazem parte do seu quo­ti­diano.

In­ter­venção e luta

No Grupo Amorim, de­tido pelo homem mais rico do País, grassa a pre­ca­ri­e­dade e os baixos sa­lá­rios, de­nun­ciou um de­le­gado de Santa Maria da Feira, va­lo­ri­zando a luta dos tra­ba­lha­dores que pôs fim à de­si­gual­dade sa­la­rial entre ho­mens e mu­lheres no sector da cor­tiça. Já nas em­presas do sector do têxtil e ves­tuário a con­tra­tação co­lec­tiva es­teve blo­queada du­rante anos e são muitos os casos de as­sédio moral. A Ca­cho­eira e a Ta­pe­çaria Fer­reira de Sá foram mesmo con­de­nadas em tri­bunal por estas prá­ticas.

Outra ora­dora, ope­rária ce­râ­mica, de­nun­ciou a ex­plo­ração no sector, in­cluindo em em­presas fa­mosas, onde abundam os exem­plos de sa­lá­rios e sub­sí­dios em atraso, de tra­balho pre­cário, de des­res­peito pelos di­reitos con­sa­grados no con­trato co­lec­tivo e de más con­di­ções de hi­giene e se­gu­rança. Um jovem e re­cente mi­li­tante do Par­tido (ins­creveu-se em me­ados de Fe­ve­reiro), ope­rário da Re­nault Cacia, onde desde há dois anos é de­le­gado sin­dical, ex­plicou que se juntou ao PCP pela sua pos­tura firme de de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores. O acordo as­si­nado na em­presa, ga­rantiu, abre a porta à ge­ne­ra­li­zação da pre­ca­ri­e­dade, pelo que é ne­ces­sário dar-lhe um com­bate cons­tante.

Também no sector do co­mércio, que tem vindo a crescer no dis­trito – que é muito mar­cado pelo peso da agri­cul­tura e da in­dús­tria –, a pre­ca­ri­e­dade alastra e com ela as mais aber­rantes vi­o­la­ções dos di­reitos e da dig­ni­dade de quem tra­balha.

Em todos estes sec­tores, como nou­tros cujo re­trato foi tra­çado na tri­buna da as­sem­bleia, a luta travou-se e há vá­rios exem­plos em que ela levou a re­cuos do pa­tro­nato. A or­ga­ni­zação do PCP e a acção dos sin­di­ca­listas co­mu­nistas ti­veram grande im­por­tância neste com­bate e nos seus re­sul­tados.

A si­tu­ação é em tudo se­me­lhante nas múl­ti­plas lutas tra­vadas pelas po­pu­la­ções do dis­trito em de­fesa da es­cola pú­blica, do ser­viço na­ci­onal de saúde ou de ou­tros ser­viços pú­blicos, com as or­ga­ni­za­ções con­ce­lhias do Par­tido e das co­mis­sões de utentes, com o apoio dos co­mu­nistas, a as­su­mirem um papel des­ta­cado nos pro­testos. 

 
Tempo, pa­ci­ência, de­di­cação 

Os tra­ba­lhos abriram com a in­ter­venção de Tiago Vi­eira, membro do Co­mité Cen­tral e res­pon­sável pela or­ga­ni­zação re­gi­onal de Aveiro, após as pri­meiras vo­ta­ções do dia, para apro­vação do ho­rário e da com­po­sição da mesa da pre­si­dência e dos res­tantes ór­gãos da as­sem­bleia. O di­ri­gente co­mu­nista, que ocu­pava a mesa da pre­si­dência – jun­ta­mente, entre ou­tros, com Oc­távio Au­gusto, da Co­missão Po­lí­tica; Ale­xandre Araújo, do Se­cre­ta­riado; José Au­gusto Es­teves, da Co­missão Cen­tral de Con­trolo; e Je­ró­nimo de Sousa –, re­alçou al­gumas das ques­tões em des­taque na pro­posta de re­so­lução po­lí­tica e adi­antou as pri­o­ri­dades do PCP para este ano de 2017, entre as quais so­bres­saem as elei­ções au­tár­quicas, as co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário da Re­vo­lução de Ou­tubro e a per­ma­nente ta­refa de re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção par­ti­dá­rias.

Acerca deste úl­timo as­pecto, Tiago Vi­eira re­jeitou que «o Par­tido», como os mi­li­tantes tratam o PCP, seja uma «en­ti­dade abs­tracta que paira sobre nós». Pelo con­trário, ga­rantiu, «o Par­tido somos nós, tem para andar as nossas pernas, para ver os nossos olhos, para tra­ba­lhar os nossos braços, para pensar as nossas ca­beças». Se é ver­dade que nin­guém é in­subs­ti­tuível, também o é que «somos todos e cada um in­dis­pen­sá­veis no ca­minho que temos para per­correr».

O de­sejo de trans­formar o mundo e a cer­teza de que esta trans­for­mação não se dará «de um só golpe» não são con­tra­di­tó­rios, ga­rantiu o membro do Co­mité Cen­tral: «o que aqui an­damos a fazer de­mora tempo, exige pa­ci­ência e de­di­cação.» Mas, acres­centou, «ser re­vo­lu­ci­o­nário é isso mesmo: ser apai­xo­nado pela mu­dança, mas ser se­reno e firme como uma ár­vore cen­te­nária, se­guro de que o fu­turo é dos tra­ba­lha­dores, de que com a luta cons­trui­remos a paz, o pro­gresso, a jus­tiça e a igual­dade, uma de­mo­cracia avan­çada como parte da cons­trução do so­ci­a­lismo, rumo ao co­mu­nismo».

A in­ter­venção do res­pon­sável pela or­ga­ni­zação ficou ainda mar­cada pela emo­tiva ho­me­nagem a An­tónio Bi­darra Fon­seca, o Marco, des­ta­cado mi­li­tante co­mu­nista da re­gião, re­cen­te­mente fa­le­cido. 

 
Não adiar op­ções ne­ces­sá­rias

A úl­tima sessão da as­sem­bleia ficou mar­cada pela apre­sen­tação da nova Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Aveiro do PCP, eleita a se­guir ao al­moço, e pela in­ter­venção de en­cer­ra­mento do Se­cre­tário-geral do Par­tido, Je­ró­nimo de Sousa. Entre apre­ci­a­ções à ac­tual si­tu­ação po­lí­tica, seu al­cance e li­mi­ta­ções, o di­ri­gente co­mu­nista su­bli­nhou que o País «não pode deixar passar mais tempo, adi­ando op­ções ne­ces­sá­rias e in­dis­pen­sá­veis ao seu de­sen­vol­vi­mento».

Re­jei­tando que Por­tugal es­teja con­fron­tado com a opção entre «o que está ou andar para trás», Je­ró­nimo de Sousa in­sistiu na ur­gência e pos­si­bi­li­dade de en­con­trar uma «res­posta du­ra­doura para os pro­blemas na­ci­o­nais» e de «avançar para outro pa­tamar de res­postas aos pro­blemas dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País». A po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que o PCP de­fende – que se propõe li­bertar o País da sub­missão ao euro, da dí­vida co­lossal e do do­mínio mo­no­po­lista da banca, e apostar na pro­dução na­ci­onal, na va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores e na de­fesa dos ser­viços pú­blicos e fun­ções so­ciais do Es­tado – é a res­posta que, para os co­mu­nistas, se impõe.

Em tempos exi­gentes, afirmou o Se­cre­tário-geral, o PCP «toma a ini­ci­a­tiva e avança nesta luta que con­tinua», acres­cen­tando que «ao longo da sua his­tória, nas mais duras in­tem­pé­ries, quando era fus­ti­gado pelos ventos con­trá­rios, sempre nos apa­nharam no rosto e no peito e nunca pelas costas». Também hoje é assim e a as­sem­bleia de Aveiro bem o de­mons­trou.

 


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